Uma ruptura com o capitalismo<br> e a exploração<font color=0093dd><strong> *</strong></font>
Estamos hoje aqui a assinalar um acontecimento maior da história da humanidade – a Revolução de Outubro de 1917. São os 88 anos de uma realização que marca decididamente o século passado e é elemento incontornável, nesta primeira década do século XXI, para o entendimento do mundo em que vivemos e para a sua transformação.
A Revolução de Outubro significou a ruptura com o capitalismo e a exploração do homem pelo homem.
Traduziu e libertou energias revolucionárias que se repercutiram em todo o século XX.
Deu origem à União Soviética. No seu seguimento em numerosos países os povos tomaram como objectivo a construção de uma nova sociedade, nos países capitalistas o movimento operário e popular desenvolveu-se e os trabalhadores conseguiram importantes conquistas sociais e políticas. Contribuiu para a libertação de muitos povos do jugo colonial e para o desmoronar do sistema colonialista.
Nas transformações verificadas ao longo do século XX, a luta dos povos contou com o estímulo e a ajuda internacionalista da União Soviética, e o capitalismo foi obrigado a recuos e a concessões no plano interno e externo pela força das ideias e das realizações do mundo socialista.
Partindo de um baixo nível de desenvolvimento e de enormes destruições, sujeita a bloqueios e obrigada a desvios colossais de recursos para a área da defesa, a URSS conseguiu dotar-se de uma base económica de grande importância, venceu o analfabetismo, generalizou a instrução, a cultura e o desporto, promoveu o desenvolvimento de culturas e identidades nacionais próprias, alcançou os mais elevados níveis nos planos científico e técnico.
Foi o primeiro país do mundo a por em prática o direito ao trabalho, a instituir o horário de trabalho de 8 horas, as férias pagas, a igualdade de homens e mulheres, a introduzir a assistência médica gratuita e a segurança social.
A URSS e o seu Exército Vermelho deram um contributo decisivo, com incontáveis sacrifícios e destruições, para a derrota do nazi-fascismo e a defesa da paz mundial.
Não há calúnias, nem propaganda, nem erros ou desvios, que possam apagar o grande salto progressista que a Revolução de Outubro e os empreendimentos de construção do socialismo representaram para a sociedade humana.
Agrava-se a exploração
É certo que nos processos de construção do socialismo se acumularam erros e desvios e se verificou o afastamento do ideal comunista em aspectos essenciais, questões que se contam entre as causas das derrotas do socialismo e da destruição da União Soviética.
Erros e desvios que era preciso ultrapassar mas, com a acção do imperialismo e as traições internas, em vez do aperfeiçoamento do socialismo, o que se concretizou foi a sua destruição.
As consequências extremamente negativas das derrotas do socialismo e da destruição da União Soviética consumada em Dezembro de 1991, são em si a demonstração da importância do socialismo e constituem uma inegável acusação ao capitalismo e a confirmação de que não é futuro para a humanidade.
Os últimos 14 anos têm vindo a mostrar essa realidade.
O retrocesso económico, político, social e cultural da Rússia e de outros países que fizeram parte da URSS é enorme.
Nos países capitalistas mais desenvolvidos acentuam-se as desigualdades sociais e os ataques a conquistas de décadas.
Numa grande parte do planeta aumenta a miséria, milhões de seres humanos morrem de fome e de doenças cujas curas estão há muito descobertas, aumentam as injustiças sociais e a degradação humana, agrava-se a exploração e a depredação dos recursos.
O capitalismo ai está a mostrar a sua essência exploradora e agressiva. Ao contrário da era de paz e prosperidade universal que apregoaram em 1989 e 1991, o mundo de hoje é profundamente mais injusto e mais inseguro que há 14 anos atrás.
De facto com as derrotas do socialismo iniciou-se uma fase da evolução mundial cujas características se sentem na actualidade. Uma fase caracterizada pela aplicação do projecto de hegemonia e domínio mundial do imperialismo norte-americano com a agressão, a guerra e a ocupação.
Mas uma fase em que ao mesmo tempo se desenvolve a resistência e a luta dos povos, uma resistência que é preciso alargar concretizando uma grande frente anti-imperialista, fortalecendo o movimento comunista e revolucionário.
A Revolução de Outubro é uma obra colectiva da classe operária, dos trabalhadores, do povo sob a direcção do Partido Bolchevique, mas é inseparável da contribuição de Lenine. Contribuição teórica e prática, designadamente para a concepção do partido revolucionário, o partido de novo tipo. Contribuição para o enriquecimento da teoria de Marx e Engels, instrumento para a interpretação e transformação do mundo, o marxismo-leninismo a base teórica do nosso partido. Base teórica e características de partido revolucionário que desenvolvemos criativamente, sem claudicações ou desistências e cuja actualidade plenamente se comprova.
Resistir e avançar
Assinalamos este aniversário numa situação em que o nosso país enfrenta graves problemas e se apresentam sérias interrogações quanto ao futuro, em consequência de uma política de direita de 29 anos levada a cabo por sucessivos governos.
Nas eleições de Fevereiro o povo português manifestou um profundo desejo de mudança, que oito meses de governo PS de maioria absoluta defraudaram. Como o Orçamento de Estado comprova o governo faz uma política de classe que baseando-se na invocação do défice e das dificuldades do País impõe sacrifícios aos trabalhadores, aos reformados, aos pequenos e médios empresários, ao mesmo tempo que não para de aumentar os lucros dos grupos económicos e financeiros, nomeadamente da banca.
(...)
Luta que se articula com a iniciativa política do Partido, na Assembleia da República, no Parlamento Europeu e na acção junto das populações, como acontece com a acção contra o aumento da idade da reforma em que procuramos recolher 100 mil assinaturas para evitar que o governo retire o direito à reforma, pois seria isso que sucederia a muitos portugueses se a idade da reforma passasse para os 68 ou os 70 anos.
(...)
Realizámos com êxito o XVII Congresso, empenhámo-nos na dinamização da luta contra a ofensiva do governo, participámos na extraordinária homenagem ao camarada Álvaro Cunhal, garantimos o êxito da Festa da Avante! e travámos as batalhas das eleições legislativas e autárquicas em que tivemos importantes vitórias. Conseguimo-lo em condições de luta difíceis, o que mostra que é possível resistir e avançar mesmo nessas condições.
Assinalámos o aniversário da Revolução de Outubro muitas vezes a seguir a insucessos eleitorais, desta vez estamos a assinalá-lo após duas importantes vitórias eleitorais, mas se por acaso tivéssemos tido insucessos eleitorais, estaríamos aqui na mesma e o PCP não seria menos necessário. A nossa intervenção e papel não depende do êxito do momento, antes se baseia nos nossos objectivos e na determinação em os alcançar mesmo nas condições mais difíceis. É assim que vamos prosseguir a nossa intervenção em condições que não vão ser fáceis, determinados a resistir e avançar.
Valores e objectivos actuais
Na longa luta de emancipação dos trabalhadores e dos povos, a Revolução de 7 de Novembro de 1917, tem um lugar sem paralelo.
A Comuna de Paris, 45 anos antes da Revolução de Outubro, constituiu a primeira, embora efémera, experiência do caminho para uma sociedade nova. No seu desenvolvimento foram cometidos erros. Marx e Engels analisaram essa experiência com sentido critico mas valorizando sempre o seu exemplo e significado.
Os empreendimentos de construção do socialismo desenvolvidos a partir de 1917 constituem uma importantíssima experiência. Ao contrário daqueles que querem riscar essas realizações da história, eliminar a sua força, tal como Marx e Engels fizeram com a Comuna de Paris, nós olhamos para as experiências e realizações do socialismo vendo os seus erros, os imensos recuos que o seus insucesso trouxe ao mundo, mas principalmente vendo quão importantes e actuais são os seus valores e objectivos.
Do olhar sobre o mundo de hoje resulta com redobrada força a exigência da luta pela paz e o progresso social, da luta por uma sociedade nova, liberta da exploração e da opressão, resulta uma nova actualidade e importância do ideal e projecto comunista de uma sociedade e um mundo mais justos.
Uma sociedade e um mundo que construímos todos os dias na nossa luta e intervenção, de pequenas e grandes tarefas e realizações, em diferentes frentes de acção, em etapas que se interligam, com o partido que somos, este colectivo notável, patriótico e internacionalista, sempre com a classe operária, os trabalhadores e o povo, ancorado numa história ímpar, determinado na intervenção presente e com uma inabalável vontade de construir o futuro.
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(*) Excerto da intervenção realizada por Francisco Lopes, membro da Comissão Política, no almoço comemorativo da Revolução de Outubro, realizado na sede nacional do Partido, no passado dia 7.
Traduziu e libertou energias revolucionárias que se repercutiram em todo o século XX.
Deu origem à União Soviética. No seu seguimento em numerosos países os povos tomaram como objectivo a construção de uma nova sociedade, nos países capitalistas o movimento operário e popular desenvolveu-se e os trabalhadores conseguiram importantes conquistas sociais e políticas. Contribuiu para a libertação de muitos povos do jugo colonial e para o desmoronar do sistema colonialista.
Nas transformações verificadas ao longo do século XX, a luta dos povos contou com o estímulo e a ajuda internacionalista da União Soviética, e o capitalismo foi obrigado a recuos e a concessões no plano interno e externo pela força das ideias e das realizações do mundo socialista.
Partindo de um baixo nível de desenvolvimento e de enormes destruições, sujeita a bloqueios e obrigada a desvios colossais de recursos para a área da defesa, a URSS conseguiu dotar-se de uma base económica de grande importância, venceu o analfabetismo, generalizou a instrução, a cultura e o desporto, promoveu o desenvolvimento de culturas e identidades nacionais próprias, alcançou os mais elevados níveis nos planos científico e técnico.
Foi o primeiro país do mundo a por em prática o direito ao trabalho, a instituir o horário de trabalho de 8 horas, as férias pagas, a igualdade de homens e mulheres, a introduzir a assistência médica gratuita e a segurança social.
A URSS e o seu Exército Vermelho deram um contributo decisivo, com incontáveis sacrifícios e destruições, para a derrota do nazi-fascismo e a defesa da paz mundial.
Não há calúnias, nem propaganda, nem erros ou desvios, que possam apagar o grande salto progressista que a Revolução de Outubro e os empreendimentos de construção do socialismo representaram para a sociedade humana.
Agrava-se a exploração
É certo que nos processos de construção do socialismo se acumularam erros e desvios e se verificou o afastamento do ideal comunista em aspectos essenciais, questões que se contam entre as causas das derrotas do socialismo e da destruição da União Soviética.
Erros e desvios que era preciso ultrapassar mas, com a acção do imperialismo e as traições internas, em vez do aperfeiçoamento do socialismo, o que se concretizou foi a sua destruição.
As consequências extremamente negativas das derrotas do socialismo e da destruição da União Soviética consumada em Dezembro de 1991, são em si a demonstração da importância do socialismo e constituem uma inegável acusação ao capitalismo e a confirmação de que não é futuro para a humanidade.
Os últimos 14 anos têm vindo a mostrar essa realidade.
O retrocesso económico, político, social e cultural da Rússia e de outros países que fizeram parte da URSS é enorme.
Nos países capitalistas mais desenvolvidos acentuam-se as desigualdades sociais e os ataques a conquistas de décadas.
Numa grande parte do planeta aumenta a miséria, milhões de seres humanos morrem de fome e de doenças cujas curas estão há muito descobertas, aumentam as injustiças sociais e a degradação humana, agrava-se a exploração e a depredação dos recursos.
O capitalismo ai está a mostrar a sua essência exploradora e agressiva. Ao contrário da era de paz e prosperidade universal que apregoaram em 1989 e 1991, o mundo de hoje é profundamente mais injusto e mais inseguro que há 14 anos atrás.
De facto com as derrotas do socialismo iniciou-se uma fase da evolução mundial cujas características se sentem na actualidade. Uma fase caracterizada pela aplicação do projecto de hegemonia e domínio mundial do imperialismo norte-americano com a agressão, a guerra e a ocupação.
Mas uma fase em que ao mesmo tempo se desenvolve a resistência e a luta dos povos, uma resistência que é preciso alargar concretizando uma grande frente anti-imperialista, fortalecendo o movimento comunista e revolucionário.
A Revolução de Outubro é uma obra colectiva da classe operária, dos trabalhadores, do povo sob a direcção do Partido Bolchevique, mas é inseparável da contribuição de Lenine. Contribuição teórica e prática, designadamente para a concepção do partido revolucionário, o partido de novo tipo. Contribuição para o enriquecimento da teoria de Marx e Engels, instrumento para a interpretação e transformação do mundo, o marxismo-leninismo a base teórica do nosso partido. Base teórica e características de partido revolucionário que desenvolvemos criativamente, sem claudicações ou desistências e cuja actualidade plenamente se comprova.
Resistir e avançar
Assinalamos este aniversário numa situação em que o nosso país enfrenta graves problemas e se apresentam sérias interrogações quanto ao futuro, em consequência de uma política de direita de 29 anos levada a cabo por sucessivos governos.
Nas eleições de Fevereiro o povo português manifestou um profundo desejo de mudança, que oito meses de governo PS de maioria absoluta defraudaram. Como o Orçamento de Estado comprova o governo faz uma política de classe que baseando-se na invocação do défice e das dificuldades do País impõe sacrifícios aos trabalhadores, aos reformados, aos pequenos e médios empresários, ao mesmo tempo que não para de aumentar os lucros dos grupos económicos e financeiros, nomeadamente da banca.
(...)
Luta que se articula com a iniciativa política do Partido, na Assembleia da República, no Parlamento Europeu e na acção junto das populações, como acontece com a acção contra o aumento da idade da reforma em que procuramos recolher 100 mil assinaturas para evitar que o governo retire o direito à reforma, pois seria isso que sucederia a muitos portugueses se a idade da reforma passasse para os 68 ou os 70 anos.
(...)
Realizámos com êxito o XVII Congresso, empenhámo-nos na dinamização da luta contra a ofensiva do governo, participámos na extraordinária homenagem ao camarada Álvaro Cunhal, garantimos o êxito da Festa da Avante! e travámos as batalhas das eleições legislativas e autárquicas em que tivemos importantes vitórias. Conseguimo-lo em condições de luta difíceis, o que mostra que é possível resistir e avançar mesmo nessas condições.
Assinalámos o aniversário da Revolução de Outubro muitas vezes a seguir a insucessos eleitorais, desta vez estamos a assinalá-lo após duas importantes vitórias eleitorais, mas se por acaso tivéssemos tido insucessos eleitorais, estaríamos aqui na mesma e o PCP não seria menos necessário. A nossa intervenção e papel não depende do êxito do momento, antes se baseia nos nossos objectivos e na determinação em os alcançar mesmo nas condições mais difíceis. É assim que vamos prosseguir a nossa intervenção em condições que não vão ser fáceis, determinados a resistir e avançar.
Valores e objectivos actuais
Na longa luta de emancipação dos trabalhadores e dos povos, a Revolução de 7 de Novembro de 1917, tem um lugar sem paralelo.
A Comuna de Paris, 45 anos antes da Revolução de Outubro, constituiu a primeira, embora efémera, experiência do caminho para uma sociedade nova. No seu desenvolvimento foram cometidos erros. Marx e Engels analisaram essa experiência com sentido critico mas valorizando sempre o seu exemplo e significado.
Os empreendimentos de construção do socialismo desenvolvidos a partir de 1917 constituem uma importantíssima experiência. Ao contrário daqueles que querem riscar essas realizações da história, eliminar a sua força, tal como Marx e Engels fizeram com a Comuna de Paris, nós olhamos para as experiências e realizações do socialismo vendo os seus erros, os imensos recuos que o seus insucesso trouxe ao mundo, mas principalmente vendo quão importantes e actuais são os seus valores e objectivos.
Do olhar sobre o mundo de hoje resulta com redobrada força a exigência da luta pela paz e o progresso social, da luta por uma sociedade nova, liberta da exploração e da opressão, resulta uma nova actualidade e importância do ideal e projecto comunista de uma sociedade e um mundo mais justos.
Uma sociedade e um mundo que construímos todos os dias na nossa luta e intervenção, de pequenas e grandes tarefas e realizações, em diferentes frentes de acção, em etapas que se interligam, com o partido que somos, este colectivo notável, patriótico e internacionalista, sempre com a classe operária, os trabalhadores e o povo, ancorado numa história ímpar, determinado na intervenção presente e com uma inabalável vontade de construir o futuro.
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(*) Excerto da intervenção realizada por Francisco Lopes, membro da Comissão Política, no almoço comemorativo da Revolução de Outubro, realizado na sede nacional do Partido, no passado dia 7.